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segunda-feira, novembro 24, 2008

Joanne Woodward e Tennessee Williams

Joanne Woodward - A viúva de Paul Newman, que ele considerava a melhor actriz do Mundo é, não tenho dúvidas, se não a melhor, das melhores. Vi-a há poucos dias no filme realizado pelo seu marido em 1987, uma peça de Tennessee Williams - The Glass Menagerie - em que contracena com John Malkovich e Karen Allen e fiquei abismada com a sua interpretação. A peça, ou melhor, a história fala-nos de uma mãe super dominadora (Woodward) que não deixa "respirar" os seus filhos (Malkovich e Allen), ambos maiores de idade, que ainda vivem com ela, numa relação de sufoco e alguma dependência, embora aqui não seja claro quem depende mais de quem. O parco sustento da casa é assegurado pelo filho,na falta do pai que fugiu de casa há 16 anos. A filha, por timidez e complexos de inferioridade com origem numa pequena deficiência física (é coxa), não consegue uma de duas coisas que sua mãe espera que faça: Casar e arranjar marido que a sustente ou arranjar um emprego com a mesma finalidade. E tudo gira à volta disto e do domínio materno traduzido numa preocupação exacerbada sobre tudo o que lhes diz respeito. Como se pode imaginar, o papel da mãe é de uma força e de uma omnipresença colossais, que exige da sua intérprete um desempenho muito laborioso e intenso do ponto de vista emocional. Aliás, todas as personagens são possuidoras de uma intensidade dramática muito forte, debatendo-se entre o amor que têm pela mãe e o seu negativo pela castração psicológica que ela lhes provoca. Joanne Wooward, que recebeu em 1958 o Óscar da Academia de Hollywood, pelo seu desempenho em The Three Faces of Eve, que eu ainda não vi mas que fiquei com ansiosa por ver, parece-me ser perita em desenvolver e revelar o lado psicológico mais profundo das personagens que interpreta. Ela consegue percorrer, com naturalidade, todas as matizes possíveis de representação de personalidades complexas, atormentadas, demenciais. E o curioso é que quase se dispensaria a visualização da sua linguagem corporal. Bastaria filmar a facial.
Uma enorme actriz. Acho que ver este filme foi o clique para me recolocar na posição de espectadora voraz da 7ª.Arte, como quando tinha vinte anos e não perdia quase nada do que por aí chegava de mais interessante: Robert Altman, Roman Polanski, Marta Meszaros, Andrzej Wajda, Fellini, Truffaut, Ingmar Bergman, e nos meus trinta: Almodovar, Lynch, Mamet, Carpenter, e muitos outros. Tantos percursos mentais, tanto deslumbramento, tanto acrescento à minha vida. Pois é. O Cinema. Um dia farei uma digressão retroactiva e partilharei talvez algumas considerações sobre o assunto com quem por aqui passar. Sobre o filme que me fez redescobrir Joanne Woodward, há muito mais a dizer. O retrato muito presente do grande ausente, pendurado numa parede e reflectido no espelho da outra que com ela faz um ângulo de 90º. Ele, o marido e pai, continua a partilhar daquele dia-a-dia, mas sem assumir qualquer responsabilidade. O seu sorriso não engana - ele libertou-se daquela espécie de prisão. O retrato, ou melhor, a foto está cómica. É o sentido de humor de Paul Newman no seu pleno. A colecção de miniaturas de cristal que constitue o património pessoal e íntimo da filha, cavalinhos de entre os quais o unicórnio, por ser diferente, é o seu preferido, reflecte a fragilidade da sua relação com o Mundo. Aqui teria de se avaliar a recorrência deste tipo de densidade trágica nas personagens de Tennessee Williams que, no fundo, não é mais do que a encenação das nossas inquietudes, das nossas desilusões, dos nossos medos, do nosso resíduo pré-social. Apenas os homens desta peça se vão libertar, mas também eles sofrerão uma libertação frágil e terão momentos de queda livre no abismo doloroso do passado. Joanne Woodward e Paul Newman. É preciso que uma estrela se apague para que outra se revele mais intensa? Não neste caso!

sábado, setembro 27, 2008

Goodbye Paul


(runner4peace)
Menos um anjo na terra. Lindo por dentro e por fora. Um ídolo à antiga. Já enxuguei as lágrimas, pronto.