sábado, dezembro 29, 2007



Erroll Garner (1921-1977)
A propósito de Oscar Peterson, não posso deixar de referir aqui este grande pianista e compositor de jazz, aparecido no pós-II Grande Guerra, em Nova Iorque, em estilo be-bop muito particular. Possuo esta relíquia na minha colecção de vinil, uma versão bem sincopada e swingada de ecos Porgy and Bess - It ain't necessarily so (G.Gershwin) que ouço com imenso prazer desde a minha pré-adolescência. Não consigo dizer se é bom ou mau - é um amor incondicional. Nada do que ouvi de E. Garner me entusiasmou tanto. Laura, por exemplo, é muito bonito mas não me faz vibrar - é de um romantismo impossível, de conto de fadas, ou Misty, talvez o seu tema mais famoso, de uma beleza melódica incrível, incluído nos filmes:
Play Misty for Me (1971)
Defending Your Life (1991, Erroll Garner)
Texas Tenor: The Illinois Jacquet Story (1991)
Manhattan Murder Mystery (1993, Erroll Garner)
Naked Gun 33-1/3 (1994, Johnny Mathis)
Ocean's Eleven (2001, Liberace) And on stage:
Swinging on a Star: The Johnny Burke Musical (1995) Broadway musical And on television:
Today Show (1962) theme music for NBC morning news magazine
The Muppet Show (1978, Liberace) Episode 57
My House in Umbria (2003) HBO

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Um grande músico a relembrar sempre, mesmo se não temos capacidade para abarcar tanta emoção. Um grande músico "de ouvido" - nunca soube ler música, em toda a sua vida.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Goodbye Oscar Peterson (15.08.1925-23.12.2007)



Por muito que se esteja preparado, é sempre triste ver desaparecer alguém que marcou tanto o jazz enquanto músico de uma qualidade extraordinária, como se pode verificar neste vídeo, gravado algures no início dos anos 60 (que mais não adianta a sua legenda no youtube), com Ray Brown no contrabaixo e Ed Thigpen na bateria.
O mundo do jazz vai ficando sem as suas referências vivas. Esperemos que elas continuem a fazer boa música onde quer que estejam.

domingo, dezembro 23, 2007

SANTA CLAUS / SONNY BOY WILLIAMSON


'santa claus' (1960)
'sonny boy's christmas blues' (1951)

quinta-feira, dezembro 13, 2007





George Russell (Cincinatti, U.S.A.,1923-)
Um dos músicos que maior influência teve nas novas tendências do Jazz. Foi um dos principais inspiradores de "Kind of Blue", considerado um dos melhores albuns de jazz de todos os tempos. Motivado por uma resposta de Miles Davis, que, à pergunta que lhe fizera sobre qual o seu objectivo máximo, enquanto músico, lhe respondeu: "Gostava de aprender todas as variantes", desenvolveu uma nova teoria à volta da música modal, sobre a qual escreveu um livro, "The Lydian Chromatic Concept". Livro que se tornou uma referência e matéria de estudo para os músicos mais inovadores, de jazz e música contemporânea.
Escolhi, para o escaparate audio, duas faixas, Manhattan-Rico (10:12) do album New York, N.Y. (1958) e D.C.Divertimento (9:14) do album The Outer View (1962).
Intervenientes: "Outer View" George Russell - piano, Don Ellis - Trompete, Garnett Brown - Trombone, Paul Plummer - Sax Tenor, Steve Swallow - baixo, Pete La Roca - bateria; "New York, N.Y." Jon Hendricks (Voz), Don Lamond - bateria, Al Epstein - bongos, George Russell -bateria, e, entre outros, Art Farmer - trompete, Bob Brookmeyer - trombone, Phil Woods - saxofone alto , Al Cohn - sax tenor, Bill Evans - piano
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quarta-feira, dezembro 12, 2007


A mulher e o lobo (1971)




EDUARDO LUIZ (1932-1988)


Hoje é a vez de falar de outra das minhas fixações de sempre, Eduardo Luiz.


Fui ao Palácio Anjos, em Algés, onde se encontra exposta parte da colecção do falecido "marchand"de arte e galerista, Manuel de Brito, e que, até 13 de Janeiro tem como tema os anos 60 da pintura portuguesa. Em destaque, o pintor quase esquecido e raramente falado, Eduardo Luiz. A sua obra encontra-se algures entre o surrealista e o neo-figurativo, com muito trompe l'oeil.


A mulher e o lobo é uma das 28 obras expostas. Achei esta obra particularmente interessante, enquanto nos transmite apenas o reflexo da floresta, permanecendo a floresta propriamente dita num escuro total de onde sobressaem as figuras, vítima e predador, a sublinhar o seu lado negro, aquele que nos atemoriza (cuidado com o papão...).



Marquise de Pomme (1981)


E mais este exemplo da sua prolífica e espantosa produção para estimular a curiosidade de quem, porventura, não se tenha ainda apercebido de que também nós tivemos um Magritte (afirmação ousada, à luz da ironia tão presente em Eduardo Luiz).

terça-feira, dezembro 11, 2007



MANOEL DE OLIVEIRA
Parabéns!
Festejar 99 anos e ter projectos que ultrapassam os 100, perdendo direito ao subsídio do Estado é, achamos nós (não estou só neste desejo), razão suficiente para alterar a legislação e prosseguir com a intervenção estatal no patrocínio deste portento nacional.
Um homem que consegue ser aclamado nos Cahier du Cinema, em Cannes e em tudo o que é festival de cinema é, pela excelência dos eleitores, logo à partida, um ser muito especial.
Só comecei deveras a apreciar o seu trabalho quando do visionamento de "Vale Abraão" - o Douro e suas margens mostrados em toda a sua pujança. Só por si era razão. Mas cativar Catherine Deneuve, John Malkovich, Michel Piccoli, Marcello Mastroianni ( "Viagem ao Princípio do Mundo"1997, último filme em que entrou) , Chiara Mastroianni, contratar Diogo Dória, Miguel Cintra e descobrir uma Leonor Silveira, para intérpretes dos seus filmes, é obra.
Pronto, não sou crítica de cinema e não vou expressar aqui o que apreciei, enquanto espectadora, dos seus filmes que, de "parados", só para quem tem o cérebro congelado poderão parecer. Gostei sempre do que vi, porque cada imagem me deu motivo de reflexão, porque senti a essência das coisas simples (que nada têm de simples, mas parecem-no), ou porque belas me foram (são)as imagens e as palavras.
Por isto e muito mais que hoje, certamente, estará a ser dito em sua homenagem,
Salvé Manoel!

segunda-feira, dezembro 10, 2007


OSCAR NIEMEYER E CLARICE LISPECTOR

Oscar Niemeyer, o arquitecto de Brasília, faz 100 anos de idade no dia 15 deste mês. Soube isto através do programa "Câmara Clara", de Paula Moura Pinheiro, na RTP2, domingos à noite, ontem. Fiquei fascinada! Há tempos, vi-o num documentário, já ele ia a caminho dos 90, entrevistado e a falar e desenhar esboços de arquitectura e a filosofar sobre a vida e pensei como é fantástico poderem-se aguentar os neurónios activos e iluminados até tão provecta idade. Através de Paula Moura Pinheiro e seus convidados fico a saber que ele continua activo e criativo.

Depois de ontem, fiquei também a saber que Clarice Lispector, excelente escritora brasileira(ucraniana/judaica> 10/12/1920-09/12/1977), havia dedicado uma crónica jornalística a Brasília, que me entusiasmou ao ponto de aqui a transcrever.
BRASÍLIA
"Brasília é construída na linha do horizonte. Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. Quando o mundo foi criado, foi preciso criar um homem especialmente para aquele mundo. Nós somos todos deformados pela adaptação à liberdade de Deus. Não sabemos como seríamos se tivéssemos sido criados em primeiro lugar e depois o mundo deformado às nossas necessidades. Brasília ainda não tem o homem de Brasília. Se eu dissesse que Brasília é bonita veriam imediatamente que gostei da cidade. Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia vêem nisso uma acusação. Mas a minha insônia não é bonita nem feia, minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. É o ponto e vírgula. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil: eles ergueram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério."
LISPECTOR, Clarice.

terça-feira, dezembro 04, 2007


Manuel Amado - Centro Cultural de Cascais

Com início em 17 de Novembro e fim em 20 de Janeiro de 2008, está a decorrer uma exposição bastante abrangente da obra de Manuel Amado. Não sei se por vontade do próprio ou distracção dos apreciadores de pintura deste nosso padrasto país, a verdade é que pouco dele se fala, inclusivé na net. Pesquisei algumas enciclopédias e nada encontrei sobre este senhor.
No entanto, constatei que foi capa de uma Colóquio Artes nº.96(revista de Artes publicada pela Gulbenkian, até 1996), uma das obras de Rodrigo Guedes de Carvalho (A Casa Quieta) também tem capa com obra sua, uma edição francesa de Sophia de Mello Breyner Andresen também, e não menciono mais porque isto e esse muito mais está suficientemente mostrado nesta exposição.
Ver esta exposição é passearmo-nos pelos lugares da nossa infância. Aqueles que já (quase) não existem. Aquela luz que põe côr nas coisas, nas casas, nos jardins, nas ruas da cidade, numa janela virada para a praia. A memória dos lugares vividos e, por isso, com vida.
A não perder!!! (Não sei como dizer isto, mas é mesmo de ir...)