segunda-feira, janeiro 05, 2009

José Duarte ou como falar jazz

(Foto de Luisa Ferreira)
Desde que iniciei este blogue, há uma ideia que não me sai da cabeça: Prestar aqui uma homenagem a José Duarte. E a sua última recensão sobre o ano 2008, sob o pseudónimo de Riff deu-me, finalmente, coragem para o fazer. José Duarte, como todo o português com um mínimo de informação sabe, foi e é um dos principais divulgadores do Jazz em terras de Portugal. Digamos que sempre o fez, não só numa perspectiva de arte musical, como da sua utilização em contra-corrente política. Acima de tudo, José Duarte tem muito swing e a sua expressão verbal, oral e escrita, tem o improviso, a rebeldia e a criatividade deste género musical. O seu ar simpático, maroto, descontraído, inteligente e carismático e a sua voz única e inesquecível também contribuíram para a minha apreciação deste senhor desde os meus tempos de adolescente. Mas só há cerca de 6 anos atrás tive a dita de com ele trocar algumas palavras no Hot Clube de Portugal, coisa de que ele, certamente já não se lembra. Na minha biblioteca consta muito do que ele escreveu: Jazzé e outras músicas (Ed. Cotovia, 1994), João na terra do Jaze (Ed.A Regra do Jogo, 1981), O Papel do Jazz, 4 vols. (Ed. Cotovia, 1997-1998), colecção de cds. com livro Let's jazz em público (com a universidade de Aveiro e o jornal "Público", 2005) e cinco minutos de jazz'''''40 anos (Antena 1/BPI, 2006). Do que ele disse, também consegui reter bastante, em cassetes VHS, no programa de tv que manteve durante algum tempo, Outras Músicas, onde, para além de jazz e outras músicas, se falava também de dança, por exemplo, sendo os seus convidados, regra geral, de grande interesse artístico e intelectual. Não perdia um. E os seus programas na rádio? Os famosos A Menina Dança? e o Cinco Minutos de Jazz são, desde há muito, consideradas peças de antologia radiofónica nacional. Dele sei também que terá ajudado a fundar o Centro de Estudos de Jazz na Universidade de Aveiro, ao qual (segundo consta) doou a sua vasta colecção de discos e cds, e onde leccionou sobre o tema. Tem um vasto historial como conferencista, onde partilha a sua enorme cultura musical para o que certamente contribuío o facto de ter sido dos que mais contacto manteve com a cena jazz internacional, tendo, ao longo da sua vida, entrevistado e comungado ideais com inúmeros músicos da mais alta estirpe, como se pode ler nos seus escritos. Fez também parte do júri de críticos do concurso anual da revista norte-americana Downbeat. Escreve regularmente no site Jazz Portugal U.A. pt. E parece-me que já chega para se ter uma ideia do que José Duarte representa para mim e para Portugal. Uma pessoa de excepção. Grata pela sua existência.

(Para mais dados biográficos, favor clicar em cima do nome, no primeiro parágrafo deste post)

5 comentários:

John Lester disse...

Merecida a homenagem. Deu até vontade de publicar no Jazzseen. Posso?

Grande abraço, JL.

CigarraJazz disse...

Pode sim, John Lester. E fico até sensibilizada com o seu pedido.

Um abraço.

Anónimo disse...

Tenho o livro "João na terra do jaze", de José Duarte. Apesar de a ênfase da obra ser jazzística, ele fez uma entrevista muita lúcida com o compositor brasileiro Edú Lobo, jovem na época.

Olmiro Muller
Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

CigarraJazz disse...

Pois é, a música brasileira e o jazz andam muito ligados, Olmiro. E além disso, José Duarte está onde reconhece música/músicos de qualidade, como pudemos comprovar no seu programa mais eclético "Outras Músicas" que, infelizmente, não deve ter chegado ao Brasil.

Obrigada pela visita.

Anónimo disse...

Prezada Cigarra

Consegui aquele livro de José Duarte em uma livraria de usados (sebo, como chamamos aqui).
Voçê tem razão: dificilmente aparecerão outras obras de Duarte no Brasil. Porém, o jazz e a boa música avançam em seus caminhos.
Saudações brasileiras a você e ao pessoal da Terrinha.

Olmiro Muller