Estreia hoje, no Teatro Nacional de S.Carlos, o Dramma per musica in tre atti Agrippina.
Foi a segunda e última ópera que Handel compôs durante a sua estadia em Itália (1706-1710). Estreou-se no Teatro de San Giovanni Grisostomo, em Veneza, no Carnaval de 1709, data provável, 26 de Dezembro. Esta ópera constitui o primeiro grande triunfo, na carreira do compositor e foi executada 27 vezes sucessivas, sempre perante audiências entusiásticas.
O elenco foi, então, composto pela soprano Margherita Durastanti (Agrippina), o barítono Giuseppe Maria Boschi (Pallante), a sua mulher, a contralto Francesca Vanini-Boschi (Ottone), o castrato soprano Valeriano Pellegrini (Nero), Diamante Maria Scarabelli (Poppea), Antonio Francesco Carli, um baixo com um registo incrivelmente baixo (Claudius), o alto castrato Giuliano Albertini (Narcissus) e um baixo, ao que parece, padre, Nicola Pasini (Lesbus).
A parca produção operática de Handel, em Itália, deve-se ao facto de a maioria dos teatros públicos terem sido fechados por ordem do Papa. Enquanto trabalhou para dois patrões ricos,os Cardeais Pamphili e Ottoboni, compôs, para além de música sacra e dois oratórios, cerca de 80 cantatas seculares para execução privada. Havia, nesta altura, poucas diferenças, excepto na duração, entre cantata, oratório e ópera; as três dependendo da alternância entre o recitativo secco e a ária da capo*, árias de expressão emocional intensa e de forma mais ou menos dramática.
O autor do libretto foi o Cardeal Vincenzo Grimani, distinto diplomata, cuja família detinha o Teatro San Giovanni Grisostomo. O libreto, considerado dos melhores, baseia-se todo ele, à excepção do servo Lesbo, em personagens históricas. Trata-se de uma ópera que assume o espírito da Veneza do séc.XVII, na linha de Cavalli ou de Monteverdi, muito popular, na época, misturando situações cómicas com emoções sérias, aromatizadas de ironia. Trata-se, no fundo, de uma sátira à corrupção na vida da Corte. Tem sido sugerido que o Imperador Cláudio nada mais é do que uma caricatura subtil do Papa Clemente XI, de quem Grimani era opositor político.
Na maioria dos seus aspectos, a partitura, com as suas numerosas árias pequenas, segue a prática do Séc. XVII. Por exemplo, os dois pequenos grupos, um trio e um quarteto, no Primeiro Acto, em que as vozes nunca se ouvem em conjunto, também pertencem mais à tradição do que à inovação.
*Ária da capo=Forma em que a primeira parte é repetida. (Da capo=Do princípio)
Foi a segunda e última ópera que Handel compôs durante a sua estadia em Itália (1706-1710). Estreou-se no Teatro de San Giovanni Grisostomo, em Veneza, no Carnaval de 1709, data provável, 26 de Dezembro. Esta ópera constitui o primeiro grande triunfo, na carreira do compositor e foi executada 27 vezes sucessivas, sempre perante audiências entusiásticas.
O elenco foi, então, composto pela soprano Margherita Durastanti (Agrippina), o barítono Giuseppe Maria Boschi (Pallante), a sua mulher, a contralto Francesca Vanini-Boschi (Ottone), o castrato soprano Valeriano Pellegrini (Nero), Diamante Maria Scarabelli (Poppea), Antonio Francesco Carli, um baixo com um registo incrivelmente baixo (Claudius), o alto castrato Giuliano Albertini (Narcissus) e um baixo, ao que parece, padre, Nicola Pasini (Lesbus).
A parca produção operática de Handel, em Itália, deve-se ao facto de a maioria dos teatros públicos terem sido fechados por ordem do Papa. Enquanto trabalhou para dois patrões ricos,os Cardeais Pamphili e Ottoboni, compôs, para além de música sacra e dois oratórios, cerca de 80 cantatas seculares para execução privada. Havia, nesta altura, poucas diferenças, excepto na duração, entre cantata, oratório e ópera; as três dependendo da alternância entre o recitativo secco e a ária da capo*, árias de expressão emocional intensa e de forma mais ou menos dramática.
O autor do libretto foi o Cardeal Vincenzo Grimani, distinto diplomata, cuja família detinha o Teatro San Giovanni Grisostomo. O libreto, considerado dos melhores, baseia-se todo ele, à excepção do servo Lesbo, em personagens históricas. Trata-se de uma ópera que assume o espírito da Veneza do séc.XVII, na linha de Cavalli ou de Monteverdi, muito popular, na época, misturando situações cómicas com emoções sérias, aromatizadas de ironia. Trata-se, no fundo, de uma sátira à corrupção na vida da Corte. Tem sido sugerido que o Imperador Cláudio nada mais é do que uma caricatura subtil do Papa Clemente XI, de quem Grimani era opositor político.
Na maioria dos seus aspectos, a partitura, com as suas numerosas árias pequenas, segue a prática do Séc. XVII. Por exemplo, os dois pequenos grupos, um trio e um quarteto, no Primeiro Acto, em que as vozes nunca se ouvem em conjunto, também pertencem mais à tradição do que à inovação.
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