A mulher e o lobo (1971)
EDUARDO LUIZ (1932-1988)
Hoje é a vez de falar de outra das minhas fixações de sempre, Eduardo Luiz.
Fui ao Palácio Anjos, em Algés, onde se encontra exposta parte da colecção do falecido "marchand"de arte e galerista, Manuel de Brito, e que, até 13 de Janeiro tem como tema os anos 60 da pintura portuguesa. Em destaque, o pintor quase esquecido e raramente falado, Eduardo Luiz. A sua obra encontra-se algures entre o surrealista e o neo-figurativo, com muito trompe l'oeil.
A mulher e o lobo é uma das 28 obras expostas. Achei esta obra particularmente interessante, enquanto nos transmite apenas o reflexo da floresta, permanecendo a floresta propriamente dita num escuro total de onde sobressaem as figuras, vítima e predador, a sublinhar o seu lado negro, aquele que nos atemoriza (cuidado com o papão...).
Marquise de Pomme (1981)
E mais este exemplo da sua prolífica e espantosa produção para estimular a curiosidade de quem, porventura, não se tenha ainda apercebido de que também nós tivemos um Magritte (afirmação ousada, à luz da ironia tão presente em Eduardo Luiz).
3 comentários:
Olá, Cigarra.
Este seu postal encheu-me de melancolia. Há já muitos anos, quando o Museu do CAN expunha, pelo menos, duas obras de Eduardo Luiz (parece-me que «a queda da couve roxa» e «a montra do talho»... e cito de memória longa, provavelmente com erros...sorry!)passei muitas horas (felizes) a contemplá-los. Dessa contemplação saiu um pequeno trabalho teórico de estética que muito prazer me dera na altura e boas recordações me deixou. Infelizmente perdi o rasto a essas obras...nunca mais vistas no CAN. E quem não aparece...esquece!
Obrigado pelas boas memórias.
Cumprimentos!
Lembro-me muito bem da couve-roxa e do talho. O CAM e o Museu do Chiado tinham essa boa função de exibir colecções permanentes. Exposições temporárias deveriam ser feitas em espaços próprios para elas. Há obras fundamentais destes dois museus que nunca estão à vista do visitante, porque o espaço está ocupado por uma qualquer exposição (algumas vezes boa).
"A mulher e o lobo" surpreende-me. Não conhecia Eduardo Luiz assim.
Obrigado, Cigarra.
goldluc, esse seu ensaio teórico de estética sobre as obras que refere: "La Boucherie" (1980)e "La chute du choux rouge" (1971) pode-se ler por aí, ou está guardado numa gaveta? É que fiquei com curiosidade...
Obrigada pelo seu comentário. Só tenho pena que a qualidade das imagens aqui não façam justiça à obra.
Um abraço.
Paulo, tu que estás mais perto, podes sempre dar uma escapadela até Algés. Vale a pena.
Obrigada pela tua intervenção.
Bjs.
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