quarta-feira, janeiro 30, 2008

SUNDANCE '08 - MY PREMIERE: PATTI SMITH: DREAM OF LIFE



Realizado por Steven Sebring, o documentário Patti Smith: Dream Of Life acaba de ser estreado e premiado no Sundance Film Festival (Utah, E.U.A.). Parece ser uma condigna homenagem à Grande Patti. Espero poder vê-lo um dia destes.

domingo, janeiro 27, 2008

Mose Allison

Mose John Allison Jr. Nasceu em Tippo, Mississippi, E.U.A., em 1927. Influenciado e encorajado pelo seu pai, que tocava piano, stride, Mose, ainda muito jovem, já compunha peças estilo boogie woogie ao piano. Nascido e criado em ambiente rural, ligado à cultura do algodão, Mose assimila os blues rurais, que irão estar sempre, ao longo da sua vida, na base das suas composições. Aos cinco anos de idade já tocava algumas coisas "de ouvido", e as suas principais fontes de inspiração eram Louis Armstrong, Fats Waller, Duke Ellington, Louis Jordan e Nat Cole (King Cole Trio).
Interrompe os seus estudos universitários para ir à tropa, em 1946, tendo tocado na banda das forças armadas e em pequenos grupos que actuavam em clubes de oficiais do exército. Regressa ao velho Missisippi, onde toca piano e trompete e faz arranjos para o grupo de baile, que depressa deixa para formar o seu próprio grupo. Na altura, o seu estilo revela-se muito próximo de Nat Cole, Louis Jordan e Erroll Garner. Depois de um ano em digressão, casa-se e regressa à Universidade, onde, em 1952, finaliza as licenciaturas em Inglês e Filosofia.
Trabalhou em diversos clubes nocturnos, misturando os blues da sua infância com as influências pianísticas modernas de John Lewis, T.Monk e Al Haig, e vocais dos cantores de blues Percy Mayfield e Charles Brown.
Em 1956, emigra para Nova Iorque, onde a cena jazz estava em foco, tocando com diversos grupos, e, em 1957 grava o seu primeiro disco para a Prestige Records, Back Country Suite,

uma colecção de peças evocativas do Delta do Mississipi, unânimemente aclamado pela crítica. Gravou e tocou com outros grandes músicos de jazz, como Stan Getz, Al Cohn, Zoot Sims e Gerry Mulligan e com o seu próprio Mose Allison Trio.
As suas músicas são uma mistura de jazz com blues rústicos. Enquanto pianista, tanto foi um admirador de mestres como Bud Powell e Lenny Tristano, como de compositores como Bartok, Ives, Hindemith e Ruggles. É na fusão destes diversos elementos que se gera a sua música até aos dias de hoje.
Nos anos 60, em Inglaterra, muito apreciado principalmente por músicos da área rock, foi considerado uma referência para muitos grupos que então surgiram, "The Who", "The Yardbirds", John Mayall, por exemplo. E as suas músicas foram e são interpretadas por nomes famosos como Van Morrison, Jack Bruce ou Elvis Costello, entre muitos outros.
Ao longo da sua já longa carreira, Mose tem vários albuns gravados, compôs recentemente a banda sonora do filme "The Score", com Robert DeNiro e Marlon Brando, foi nomeado para um Grammy com o álbum "Mose Chronicles, Live in London, Vol. I" (Blue Note Records), e afirma que continua em busca da perfeição, o que, para os seus fans, há muito foi conseguido.
Por curiosidade, uma filha sua, Amy Allison, também se dedica à música.
Porque falo de Mose Allison? Porque fiquei "presa" do seu álbum de estreia, cuja capa acima reproduzo e onde posso sempre voltar que nunca me desaponta. A minha intenção de colocar aqui as faixas 1 e 4 do dito ficaram goradas, por conta de direitos de autor. O que eu acho é que são "mal agradecidos", porque isto é/seria publicidade de borla. Não preciso de me alongar sobre este assunto, mas há coisas que não fazem muito sentido, nesta luta pela defesa dos citados direitos.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Revista Obscena - Revista de Artes Performativas

Revista de artes performativas, disponível on line, com periodicidade mensal, iniciada em Fevereiro de 2007, a Obscena é muito interessante e recomenda-se a quem goste de teatro, dança, artes visuais, performance ou de filosofia. Tem um grafismo muito agradável, permite consulta dos números anteriores e a sua impressão e tem versão em inglês.
Até agora tem sido gratuita. Um projecto que merece muitos aplausos.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Ben Allison


Músico a ter em muita conta nos nossos dias de jazz, Ben Allison, contrabaixista e compositor, acaba de publicar mais um álbum na sua editora habitual, a "Palmetto Records" - "Little Things Run The World", com os seus acompanhantes do costume, Michael Blake (Sax), Ron Horton (Trompete), Michael Sarin (bateria) e ainda Steve Cardenas (guitarra). Por cortesia da editora, fica aqui o acesso à faixa n.1, Respiration, onde podemos apreciar um jazz refrescante e alegre, de tonalidades rock que, embora não me apaixone, não deixa de ser agradável, bem construído e muito bem executado. Este tema fez, também, parte de um seu álbum anterior, "Buzz".

domingo, janeiro 13, 2008



Uma das maiores figuras da História do Jazz. Era inevitável falar sobre ele (ou não fosse um dos meus favoritos...)

ART BLAKEY (1919-1990)
Como muitos músicos de jazz, Art Blakey começou a sua carreira na igreja. Sendo a sua família devota da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Art rapidamente se tornou um mestre tanto no piano como na Bíblia.
Mas a sua carreira como pianista teve uma abrupta e radical interrupção quando o dono do bar onde então tocava - o Democratic Club - em Pittsburgh, lhe ordenou que saltasse do piano para a bateria.
Art, ainda adolescente, viu o seu lugar de pianista ser-lhe usurpado pelo então ainda muito jovem Erroll Garner, tão talhado para o piano como Art viria mais tarde a sê-lo para a bateria. Esta reviravolta na sua carreira foi uma benção para Art, que, durante seis décadas, viria a influenciar e impulsionar a carreira de inúmeros outros músicos de jazz.
Enquanto jovem, Art actuou sob a tutela do legendário baterista e director de orquestra, Chick Webb. Em 1937, Art regressou a Pittsburgh, formando a sua própria banda, ao lado da pianista Mary Lou Williams, sob cujo nome a banda actuou.
Em 1939, encetou uma digressão de três anos com Fletcher Henderson. Depois de um ano em Boston, no Tic Toc Club, juntou-se ao grande Billy Eckstine, tendo actuado, entre outros, com Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Sarah Vaughan.
Em 1948, Art disse aos repórteres que tinha visitado África, onde aprendeu percussão polirítmica e foi apresentado ao islamismo, assumindo o nome de Abdullah Ibn Buhaina. Em finais dos anos 40, Art cria a sua primeira formação dos Jazz Messengers, uma banda de 17 elementos.
Após uma breve actuação com Buddy DeFranco, Art junta-se, em 1954, ao pianista Horace Silver, ao altoista Lou Donaldson, ao trompetista Clifford Brown e ao contrabaixista Curly Russell, e gravam um "live" at Birdland, para a Blue Note Records. No ano seguinte, Art e Horace Silver fundam o quinteto que será os Jazz Messengers. Em 1956, Horace Silver deixa o grupo para formar o seu próprio, ficando os Jazz Messengers para Art Blakey.
A sua batida vigorosa e enérgica, de ritmo quase tribal, com constante utilização dos pratos superiores da bateria, era facilmente identificável e permaneceu uma constante ao longo dos seus 35 anos de Jazz Messengers. O que mudava era o incontável número de músicos talentosos que com ele tocaram, muitos dos quais sairam dali para formarem os seus próprios grupos de jazz.
Nos primeiros anos, figuras como Clifford Brown, Hank Mobley e Jackie McLean integraram a banda. Em 1959, o saxofonista tenor Benny Golson juntou-se ao quinteto, tendo recrutado o que permaneceria uma das formações mais duradouras dos Jazz Messengers: O saxofonista Wayne Shorter, o trompetista Lee Morgan, o pianista Bobby Timmons e o baixista Jymmie Merritt.
Os temas produzidos entre 1957 e princípios dos anos sessenta tornaram-se imagem de marca dos Messengers - incluindo "Moanin" de Timmons, "Along came Betty" e "Blues March" de Golson e "Ping Pong" de Shorter.
Por esta altura, os Messengers eram um grupo incontornável nos circuitos de jazz e começaram a gravar para a Blue Note Records. Encetaram tournées pela Europa, com algumas escapadelas até África e tornaram-se o primeiro grupo americano de jazz a tocar no Japão, para audiências japonesas. Esta primeira digressão pelo Japão constituiu um ponto alto na vida do grupo. No aeroporto de Tóquio, o grupo foi saudado por centenas de fans, enquanto se ouvia "Blues March" nos altifalantes e a sua visita foi difundida pela televisão nacional.
Em 1961, o trombonista Curtis Fuller transformou os Messengers num sexteto, dando-lhes um formato que lhes permitia incorporar o som de uma orquestra no seu repertório hard-bop. Ao longo dos anos 60, os Messengers permaneceram na crista da onda nos circuitos do jazz, integrando grandes nomes,tais como Cedar Walton, Chuck Mangione, Keith Jarrett, Reggie Workman, Lucky Thompson e John Hicks. Na década seguinte, mantiveram a sua força, com menos gravações mas não menos energia.
Numa altura em que muitos músicos de jazz se viravam para experiências electrónicas e de fusão com a Pop, os Messengers mantiveram-se fiéis ao jazz puro.
Esta postura de fidelidade ao purismo deixara Art em posição de vantagem quando do ressurgimento do gosto pelo jazz nos anos 80. Trabalhou com o trompetista Valery Ponomarev, o sax tenor Billy Pierce, o sax alto Bobby Watson e o pianista James Williams. A entrada do trompetista Wynton Marsalis em cena, em 1980, teve também um papel de não menos importância neste ressurgimento.
Ao longo dos anos 80, e até à sua morte, em 1990, Art manteve a integridade do projecto, continuando a revelar músicos como os trompetistas Wallace Rooney e Terence Blanchard, pianistas como Mulgrew Miller e Donald Brown, baixistas como Peter Washington e Lonnie Plaxico, entre outros.
Art morreu aos 71 anos, depois de uma carreira que percorreu seis das melhores décadas do jazz, permanecendo para sempre na memória de todos os que com ele trabalharam, como uma enorme energia inspiradora, tendo influenciado, motivado e impulsionado muitos dos maiores músicos da actualidade.
(Do "Album of the Year"1981,MCA Records, a faixa "In case you missed it" (Robert Watson), com Art Blakey na bateria, Winton Marsalis no trompete, Bill Pierce no sax tenor, Robert Watson no sax alto, James Williams no piano e Charles Fambrough no baixo) .
Da dúzia de albuns que possuo liderados por este mestre, a escolha foi difícil e embora não mostre Art na sua pujança inicial, principalmente nos anos 50 e 60 do século passado, é um dos que mais me agrada pela qualidade e homogeneidade de todo o grupo e pelos temas escolhidos. Gostaria de ter colocado aqui outras faixas do mesmo, tais como "Ms.B.C.", composta pela mulher de Robert Watson, Pamela Watson em homenagem a Betty Carter, ou "Soulful Mister Timmons", de James Williams, em homenagem ao exMessengers Bobby Timmons , grande pianista e compositor de alguns dos temas mais famosos dos Jazz Messengers (ver link), mas, por motivos óbvios, fico-me pela sugestão. A não perder também a interpretação de Art no tema de Dizzy Gillespie, "A night in Tunisia", no album "Theory of Art"(1957) - os primeiros dois minutos são um absoluto exemplo do que era, realmente, a arte de Blakey, e a entrada dos sopros em cena é qualquer coisa de extraordinário.

terça-feira, janeiro 08, 2008

E a frase do dia é:

No capacete de um soldado
fizeram ninho aquelas pombas:

toda a paixão que tem por Marte
eis como Vénus a demonstra

(in Fragmento 36 de Petrónio (Séc. I) tradução de David Mourão Ferreira)

sábado, janeiro 05, 2008

Anthony & The Johnsons - "My Lady Story"

Impossível não se gostar desta voz. Impossível ficar-se apático perante estes sons que nos invadem directamente o coração sem passar pelos filtros cérebro-auditivos. Não é Jazz, não é erudição, é coração. Este rapaz, de quem já há mais de um ano possuo o CD "I am a Bird Now", conquistou-me à primeira. E como o You Tube tem tudo, também lá o encontrei. Fica aqui o meu reconhecimento.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

IT AIN'T NECESSARILY SO...Jascha Heifetz version

Já agora, e porque sou fan de Heifetz, a sua versão do dito tema de Gershwin, enfim, isto é só para começar o ano em beleza. Feliz Ano Novo! a todos os que por aqui passarem. Happy New Year, para o universo, extraterrestres incluídos.
Para mim, Rondò Capriccioso para violino e orquestra, de Camille Saint-Saëns, nunca viu melhor interpretação que por este que foi considerado por muitos, o maior violinista do Séc.XX. Aqui no filme They shall have music (1939).